Sim. Gosto de poesia tanto quanto gosto de conhecer o mundo. A poesia me leva a lugares que sinto saudades por não conhecê-los. A poesia me possibilita o encontro com indiferentes almas, me leva a enxergar horizontes que meu braço não consegue alcançar. Apresenta-me personalidades jamais vistas pela falta de amor. Ensina-me a contornar, sutilmente, correntes internas que muitas vezes quis enfrentá-las à braçadas. Sibila em meu coração com o mais belo dos coros sinfônicos. Mostra-me um mundo pelas sofisticadas lentes da comunicação. Encoraja-me a ser poeta nas entrelinhas de minha solidão. Apresenta-me cronologicamente feitos de minha pátria. Poda-me do pensamento do não. Leva-me a crer nas próprias limitações. Afasta-me da desordem psicológica de possibilidades. Pulsa nas mais desequilibradas descobertas da ciência. Possibilita o ressurgir nas mais sombrias desilusões. Abre espaços para janelas quando antigas portas já não se permitiam a devastação. Mostra-se luz no tato escuro. Estrutura-me para uma nova e diferenciada eleição. Coloca-me na parede desconhecida. Provoca em mim, a sede da inovação. Desafia-me. Testa as lentes de minha lupa. A poesia, sim. Acompanha-me na obscuridade noturna. Acorda-me quando a cidade adormece. Contorna em mim, as mais rabugentas frases existenciais. Afasta de mim, todos os ruídos diurnos. Individualiza minha estadia em meio a multidões. A poesia, sim. Deixa-me besta quando peso o existir. Domina-me quando creio dominá-la. Leva-me à descontextualização. Eleva o sentido das palavras, quando estas nada mais são que a existência de seus reais significados. Brinca de dizer, quando penso saber. Joga com as palavras na mais sublime imperfeição. Presenteia-me um quebra-cabeça. Deixa-me responsável pelo resto. Resto que quiças seja só resto, ou a própria construção. Apaga as possibilidades de o espelho se despedaçar, e quando isso acontece, somo as partes, peço suporte, e descodifico novas criações. A poesia, sim. Diz tudo quando nada quer dizer, diz nada quando tudo é preciso saber.
Ser poeta é ser um descobridor apaixonado pelas letras, e na sua forma, ser um poema vivo.
FELIZ DIA INTERNACIONAL DA POESIA!
Prof.ª Márcia Neves.